Uma memória que guardo dos meus tempos de infância entre 1996 e 1999 foi o fato de nunca poder trocar fitas de video-game com meus colegas de escola, pois todos tinham o Super Nintendo, e eu um Mega Drive da SEGA. Portanto, a imagem que todos têm do encanador bigodudo italiano pulando em tartarugas, na minha mente é substituída por um porco-espinho azul com sapados vermelhos que corre, rodopia e vira uma bolinha giratória que faz som de acelerador de carro de fórmula 1.
Com o passar do tempo, a Nintendo fez um ótimo trabalho em cuidar com carinho de suas preciosas franquias (Zelda, Metroid, Pokémon e etc…) e manter sempre um alto padrão de qualidade nos seus jogos, ao contrário da SEGA, que parece ter jogado o Sonic a esmo ou nunca soube exatamente o que fazer com ele, nem com suas outras franquias (Streets of Rage, Shinobi, Golden Axe, Hang On e outras que eu adorava), que se perderam com o tempo.
Naqueles tempos, jogos de plataforma 2D protagonizados por mascotes antropomórficos não eram, nem de longe, o meu estilo de jogo favorito, e acredite quando eu digo que isso não tem nada a ver com idade, pois a maior parte do público desses jogos hoje em dia são exatamente as mesmas pessoas que jogavam Mário e Sonic lá nos anos 90. Eu ainda acredito que muitos os detentores de consoles da Sega só gostavam do Sonic por falta de escolha, mas essa teoria fica para outro texto.
O título que trago esta semana para recomendar (e o porque dessa história-pra-boi-dormir) é o que consegui definir com meus colaboradores do Café com Games como o “Melhor Sonic já feito”: Tembo The Badass Elephant. Produzido pela Game Freak, mesma empresa que desenvolveu o Pokémon Original, e publicado pela SEGA (pra você ver como o mundo dá voltas), Tembo é um jogo de plataforma 2D estrelado por um carismático Soldado Elefante capaz de destruir tudo em seu caminho.
Em seu roteiro, Tembo The Badass Elephant é basicamente um expoente cartunesco do personagem John Rambo do Stallone. Ele usa uma faixa vermelha na cabeça e é convocado por um coronel de alto escalão como último recurso para acabar com um conflito. Toda essa narrativa é apresentada ao jogador por quadros ricamente ilustrados e com o mínimo de texto possível, servindo para contextualizar seu progresso pelas fases do jogo.
Apesar de seu visual “Rambo”, Tembo não pega em armas de fogo, e sim, faz uso de seu peso e seu formato quase esférico para esmagar e rolar por cima dos obstáculos que encontra em seu caminho, de forma que lembra fortemente aos controles do Porco-Espinho Azul da SEGA. Tembo The Badass Elephant passa a sensação de estar jogando um sucessor espiritual de Sonic, acertando em vários aspectos que os jogos do Porco-Espinho falhava, e errando novamente em alguns, como por exemplo, dar de cara com um obstáculo pelo qual não esperava por estar correndo demais em linha reta e não poder ver o que está a sua frente devido à câmera lateral fixa.
Mesmo com esses pequenos deslizes, o jogo consegue brilhar na soma de suas partes. Sua jogabilidade sólida e o visual são impressionantes. Recomendadíssimo pra quem quer reviver boas lembranças dos antigos jogos de plataforma 2D.
Tembo The Badass Elephant está disponível para Xbox One, Playstation 4 e PC.